quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Regionalização, Tematização e Localização do FSM 2014/2015


O dia de hoje (17/12) foi dedicado a discussão sobre os processos regionais e temáticos do Fórum Social em andamento. Há, aqui, uma diversidade de processos que, infelizmente, não possuem uma articulação entre si. Desde o Fórum Mundial da Juventude a ser realizado na Tunísia em 2014, o Fórum Mundial de Mulheres que deve ocorrer dentro do Fórum Social Regional de Macgreb, o Fórum dos Povos que ocorrerá no Canadá, o FSTemático2014 em Porto Alegre, O Fórum Mundial de Migrações, o Forum pela Paz e pela Não-Violência que ocorrerá em Saraievo, dentre outros.

Foi apresentada ainda as demandas do Quebec/Canadá em desenvolver um Fórum Social Policentrico em agosto de 2015 com eventos simultâneos em Tinisia e Índia. Neste sentido, as representaçoes tunisianas e marroquinas defendem um Fórum Social Mundial centralizado na Tunisia em março de 2015 e, neste mesmo sentido, os representantes da India, Paquistão e Nepal defendem um Fórum Mundial nesta parte da Ásia.


Quanto a uma eventual edição centralizada em Porto Alegre em janeiro de 2015, não há acordo nem mesmo dentro das organizaçoes e movimentos sociais brasileiros sobre o tema. O acordo possível foi a realização de uma reunião das organizações e movimentos sociais brasileiros no FSTemático2014 que ocorrerá em Porto Alegre em janeiro de 2014 a fim de discutir o papel e a contribuição de as organizações brasileiras podem dar a este processo do FSM em âmbito internacional.


É claro para uma maioria de que os vários processos temáticos ou mesmo regionais precisam se articular e produzir convengências e apoios mútuos. Um dos principais papeis da dinâmica do FSM é justamente contribuir para que as lutas e mobilizaçoes locais e regionais ganhem uma dimensão mundial. A maxima do local para o global concebida em 2001 em Porto Alegre continua válida e necessária.

A definição sobre os próximos passos talvez nem venha a ser resolvida nesta reunião do Conselho Internacional. A dinâmica do CI define que é preciso construir um convencimento politico da maioria sobre a oportunidade de uma ou outra opção. Neste sentido, a opção de um evento policêntrico possui muitas resistências tanto pela experiência de 2006 quando o processo foi muito enfraquecido, quanto pela necessidade de um grande evento nos países que protagonizaram a Primavera Árabe que sofrem um revés neste momento.

A tarde de hoje (17/12) foi dedicada as dinâmicas organizativas do próprios Conselho Internacional. Vale ressaltar que esta é a maior dificuldade da dinâmica do CI, qual seja, criar uma dinâmica de funcionamento que realmente seja eficaz. Há anos os grupos constituídos, no geral, não tem conseguido produzir resultados significativos. Por isso, os temas com a ampliação das representações no CI, as questões referentes a comunicação interna e de uma maior transparência e democratização de seu funcionamento continuam sendo um problema.

Para superar estas debilidade foram discutidos três temas centrais: (1)papel e metodologia de funcionamento, (2) expansão do CI e (3) organização. Após uma longa discussão muitas sugestões foram apresentadas o que exigiu um grupo de sistematização para que no dia seguinte seja possível encaminhar de forma mais ou menos lógica as sugestões.

Quanto a expansão das representações no CI, por exemplo, surgiram propostas desde que funcione numa dinâmica de assembleia dos movimentos e organizações sociais, até que seja composto proporcionalmente pelos atuais participantes, por representantes dos comitês que organizam atividades do FSM temáticos ou regionais e por representantes de “novos” movimentos ou movimentos históricos que estão articulados de alguma forma com os processos do FSM mas que não tem assento no CI.

Na questão do papel do CI está claro que o CI cumpre um papel de mobilização e apoio a realização dos processos regionais e temáticos do Fórum Social. Isto o CI faz bem. No entanto, as tarefas de sistematizar este processo e ampliar as redes de atores tem tido muita dificuldade. Aqui reside a necessidade de inovar nas metodologias e dinâmicas de funcionamento, inclusive em relação a capacidade de comunicação dos acúmulos e acertos do CI nos últimos tempos.

O papel de articulador e facilitador dos processos é o centro do Conselho Internacional do FSM. Tudo o que se possa ampliar e inovar não pode comprometer esta grande aliança de atores sociais de países e culturas tão distintas. É necessário paciência e cuidado para que o arranjo que trouxe o CI até aqui e que tem tido sucesso pelas edições dos Fórum Sociais não se perca.

Diário de do CI/FMS em Marrocos
Por Mauri Cruz/Abong/Brasil

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