Notícia da edição impressa de 09/08/2011 Jornal do Comércio
Henrique Wittler (*)
É impressionante o que gera de desculpas a incapacidade administrativa de alguns políticos que afrontando leis procuram fazer projetos mirabolantes, ou doação de áreas públicas, entregando-os à exploração particular com vantagens de alto lucro. Entre eles está a área das cocheiras do Jóquei Clube, que pertencia ao Estado, mas foi vendida por nada menos de R$ 500 milhões, que foram parar nos bolsos daquela entidade. Pode-se citar a área do Humaitá que pertencia ao Estado e foram parar nas mãos da Construtora OAS, sobrando ao Grêmio apenas nove hectares do total de 37 hectares, neste caso, gerando um lucro à construtora de no mínimo R$ 300 milhões. Também a área do Cais da Mauá, que permitirá ao investidor uma receita anual de mais R$ 80 milhões contra um aluguel de apenas R$ 1.250 mil possibilitará um lucro muito significativo em comparação à falta de recursos para obras. Em face da sua recente exoneração, um secretário municipal, em e-mail ao prefeito, aponta como um dos fatores de atraso nas obras da Copa a falta de projetos que tiveram que ser feitos pela iniciativa privada, por não ter recursos. Talvez o dinheiro das áreas dadas de presente, se quem as vende-se fosse o Estado, poderia ter coberto o custo dos projetos e das obras.
Por outro lado, o secretário afirma, entrelinhas, a falta de capacidade do corpo de engenheiros e arquitetos da prefeitura, que não sabem elaborar simples projetos de ruas, praças e avenidas. Tudo isto que vem ocorrendo é aquela conhecida luta, a luta para definir a quem cabe a parte maior da receita. Tentando acalmar o secretário e desviar o assunto, responde o prefeito, creditando toda incompetência à “turma do contra”. Deve saber o senhor prefeito que as ações dessa “turma” são contra a entrega de áreas públicas às construtoras, altos índices construtivos que afetam as vizinhanças, como também contra todas as obras que desrespeitam as leis, sejam municipais, estaduais ou federais. Sabe o senhor prefeito que foi graças a essa “turma”, que a área da FASE, que valia mais de R$ 1 bilhão, não foi permutada com uma construtora, por obras que não custariam mais de R$ 60 milhões (sim, milhões). Lembramos ao prefeito que essa “turma”, como ele diz, é composta de cidadãos que pagam seus impostos e que não têm a facilidade que têm alguns políticos de enriquecimento do dia para a noite.
Engenheiro civil, perito ambiental e professor universitário (*)
2 comentários:
Escreveu e disse. É a realidade núa e crua. Pobre cidade.....
Ola Henrique!
Compreendo o que disse, mas quanto ao Cais Mauá, qual seria a sua ideia para melhorá-la se não a iniciativa privada?
Foi considerado nos teus números a quantidade de receita proveniente de impostos municipais, estaduais e federais e a geração de emprego e renda para a cidade?
Porque pelo que eu entendi, o Cais no momento não está contribuindo nesse sentido para a cidade de Porto Alegre.
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