terça-feira, 20 de março de 2012

Projeto de saneamento em Manaus promove segregação

Os impactos do Prosamim,  segregação ou promoção social?
Adnamar Santos*
Marcos Roberto Brito de Carvalho**

Milionário projeto de saneamento e recuperação dos igarapés de Manaus, financiado pelo BID, revela-se uma triste ilusão e prejudica a vida dos moradores ribeirinhos; empreiteiros, por outro lado, têm motivos para querer mais.


A partir da instalação da Zona Franca de Manaus, em 1967, esta cidade passou por um  acelerado processo de crescimento urbano e populacional, que impactou severamente as populações  situadas às margens dos igarapés. Desde aquela época, esses moradores ribeirinhos sonham com a oportunidade de uma moradia digna e com a recuperação da vida das nascentes, dos leitos e da mata ciliar. Imbuídos dessa expectativa e cansados das promessas feitas periodicamente, na época de eleições, os moradores do Igarapé da Cachoeirinha, situado na zona sul da cidade, começaram a se organizar. Em 1997, dispostos a conseguir resolver os problemas de saneamento na comunidade, passaram a reivindicar benfeitorias para o leito do igarapé e para as famílias que ali moravam há gerações. Daquele ano até 2003, apresentaram várias emendas ao orçamento da prefeitura de Manaus, que, em sua maioria, foram rejeitadas a mando do executivo.

Manifestação das famílias solicitam a execução do projeto de urbanização da comunidade.
Finalmente, as obras têm início em  2003. No entanto, devido ao descaso, falta de planejamento e às péssimas condições de trabalho, como a utilização de máquinas sucateadas, sete casas desabaram. Os moradores reagem, fechando avenidas e exigindo um posicionamento das  autoridades. 

Neste mesmo ano, o governo do Estado consegue a aprovação de um empréstimo de US$ 200 milhões junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID),  através do Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (PROSAMIM). Devido ao desabamento, o governo estadual assume, através de um Plano Emergencial, os trabalhos no Igarapé da Cachoeirinha - que não constavam originalmente no PROSAMIM. 

(...)

O pesadelo traz à realidade o que está escrito no projeto é bonito e remete para os moradores a possibilidade de re-começarem as suas vidas. O sonho parecia possível, já que estava contemplado no projeto. Mas, infelizmente, as lutas sob sol e chuva, durante tantos e tantos anos, não resultaram em melhoria da qualidade de vida. 

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Audiência pública debate a implementação do Programa 
* Adnamar Santos é assessor de Projetos Sociais e membro da Coordenação do Fórum Nacional de Reforma Urbana. E-mail: adnamarmota@hotmail.com
** Marcos Roberto Brito de Carvalho é coordenador da Comunidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, que fica na margem do Igarapé da Cachoeirinha - Assessor do Fórum de Habitação Popular da Cidade de Manaus. E-mail: socramrb@bol.com.br

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