sábado, 24 de novembro de 2012

Seminário Estadual de Assistência Técnica discute propostas para aplicação da lei no RS

Fonte: SAERGS

O SAERGS, a Federação Nacional de Arquitetos e Urbanistas (FNA) e o órum Estadual de Reforma Urbana realizaram nesta quinta-feira, 8 de novembro, o Seminário Estadual de Assistência Técnica, com o apoio do IAB-RS. O encontro, ocorrido no Auditório da Faculdade de Arquitetura da UFRGS, antecedeu a realização do Seminário Nacional de Assistência Técnica, promovido pela FNA nos dias 13 e 14 de novembro, em Curitiba. O evento apontou caminhos para a implementação da Lei de Assistência Técnica (Lei Federal 11.888/08) no Brasil.

Pela manhã, profissionais e representantes de movimentos sociais apresentaram experiências de Assistência Técnica no Rio Grande do Sul. A Arquiteta e Urbanista Andréa dos Santos, do Grupo de Trabalho da FNA, falou sobre as medidas e os diagnósticos realizados pela equipe em relação à aplicação da Lei. Para a profissional, a política nacional de Assistência Técnica deve ser vinculada ao Sistema Nacional de Habitação. Os projetos devem ser personalizados, de acordo com as necessidades dos cidadãos, e o atendimento às famílias, contínuo. O Presidente do SAERGS, Cicero Alvarez, defendeu que, mais do que conquistar a casa própria, as famílias precisam ter garantido o direito a moradias dignas, que atendam às suas necessidades.


Andrea dos Santos (FNA)
Maria Teresa Peres de Souza (Caixa)
Fábio Bortoli (Feevale)
Cicero Alvarez (SAERGS)
Debate
Angélica Mirinhã (CMP)
Ezequiel Morais (MNLM)

Equipe do FERU-RS auxiliou na organização dos pontos levantados durante o debate. Todos os participantes contribuíram com sugestões e observações sobre a Lei de Assistência Técnica
  

A Arquiteta e Urbanista Maria Teresa Peres de Souza, coordenadora de Assistência Técnica da Caixa Econômica Federal, destacou que o atendimento da instituição evoluiu nos últimos anos devido ao apoio a movimentos sociais e prefeituras, em contraponto com o atendimento apenas privado que era realizado anteriormente. A profissional ressaltou o envolvimento da Caixa no suporte técnico a programas estruturais, de saneamento e de crédito imobiliário, entre outros, e no auxílio às prefeituras no planejamento das ações, na gestão de recursos e na criação de Fundos e Conselhos Gestores das Habitações de Interesse Social. Para Maria Teresa, as soluções oferecidas através da Assistência Técnica devem ser relativas à cultura da comunidade e ao saber local, e todos os atores devem trabalhar juntos para pensar na prioridade das cidades.

O Arquiteto e Urbanista e professor Fábio Bortoli apresentou o projeto de extensão da Universidade Feevale Arquitetura e Comunidade. Na última década, a iniciativa, através de convênio com a Prefeitura de Novo Hamburgo, que mapeia comunidades em áreas irregulares, executou projetos para planejamento e construção de novos domicílios em seis localidades da cidade. Além de realizar as ações nas comunidades, explica o professor, os participantes elaboraram o projeto que permite à Prefeitura captar recursos junto ao Ministério das Cidades. Fábio exemplificou o trabalho com a ação na comunidade Martin Pilger. Apesar de ser uma área pequena e de grande concentração de domicílios, os profissionais conseguiram construir 71 novas moradias. Através de permuta, a Feevale disponibilizou terreno para expansão dos lares, muitas dos quais removidos da faixa de domínio da RS 239.

Representante da Central de Movimentos Populares (CMP) e membro da Cooperativa Bonsucesso, de Viamão, Angélica Mirinhã discorreu sobre a trajetória do movimento em construções coletivas nos Loteamentos São Tomé e Eldorado, em Viamão. Segundo Angélica, os movimentos implementaram suas próprias Assistências Técnicas antes da Lei. “Realizamos a capacitação do movimento para abraçar todos os processos”, ressaltou. As primeiras experiências de construção, no Loteamento São Tomé, em 2006, foram realizadas pelos moradores da região, cooperativados, empreiteiras familiares e membros de movimentos como MNLM e MST. Nas obras do Loteamento Eldorado, a grande conquista foi a concessão de crédito oferecido às famílias obtida em Brasília. Para Angélica, a atribuição do poder público, através da Lei, deve ser a busca por áreas para construção. O próximo passo sugerido é o reestabelecimento de diálogo com empresários, diminuído com a intermediação imposta pelo programa Minha Casa Minha Vida.

Para Ezequiel Morais, representante do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, a Assistência Técnica precisa possibilitar aproximação dos técnicos com a realidade das comunidades. Para Ezequiel, a união do trabalho social com a questão técnica possibilita a execução de projetos baseados na vivência dos indivíduos que vão habitar o local. O membro do MNLM ressaltou que o trabalho com a Caixa “mudou o olhar sobre os movimentos populares”, mas considerou que os recursos ainda não são suficientes, sendo necessário questionar o Ministério das Cidades e o Patrimônio da União para destravar as questões burocráticas e permitir a implementação da Lei.

À tarde, os participantes se reuniram no Diretório Acadêmico da Faculdade de Arquitetura para debater as proposições a serem encaminhadas ao Seminário Nacional. Os presentes apontaram problemas e benefícios na Lei de Assistência Técnica. Entre as necessidades diagnosticadas, estão a responsabilidade dos técnicos, maior envolvimento das universidades, a aplicação da multidisciplinaridade no processo através do auxílio de profissionais de diversas áreas do conhecimento e o exercício de poder dos cidadãos. Algumas das vantagens enumeradas são o grande investimento em habitação possibilitado por programas governamentais como Minha Casa Minha Vida e a suspensão das consultas ao SPC e Serasa e da exigência de carteira assinada a famílias com até três salários mínimos que queiram receber o benefício. As resoluções foram encaminhadas em relatório ao Seminário Nacional de Assistência Técnica.

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