quinta-feira, 24 de abril de 2014

Prédio no Centro da Capital é símbolo da luta por moradia

Fonte: Correio do Povo

Edifício na rua Caldas Júnior foi ocupado quatro vezes desde 2005

Audiência pública discutirá Ocupação Saraí<br /><b>Crédito: </b> Samuel Maciel
Audiência pública discutirá Ocupação Saraí
Crédito: Samuel Maciel
No Centro de Porto Alegre, um prédio abandonado se tornou símbolo de luta por moradia para 40 famílias. O imóvel de sete andares localizado na rua Caldas Júnior foi ocupado quatro vezes, desde 2005, por famílias que se uniram ao Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM). Atualmente está instalada no local a Ocupação Saraí. Com correntes e um cadeado cerrando a entrada do prédio, as famílias reivindicam que o imóvel seja desapropriado e que no local seja executado o projeto original de construção de 40 apartamentos para famílias de baixa renda.

"Quando morar é um privilégio, ocupar é um direito." A frase pintada em vermelho nas paredes descascadas do prédio sinalizam a bandeira de luta, assim como as correntes grossas asseguram as portas de ferro sob vigilância constante. O prédio foi construído com recursos públicos e seria destinado à moradia social, mas isso nunca aconteceu. Foi repassado à Caixa Econômica Federal para servir de escritório. Em 2005, o movimento fez a primeira ocupação. Depois de esvaziado, foi vendido e deixou de ser federal para se tornar propriedade particular. Um dos membros do crime organizado comprou e o PCC cavou um túnel para assaltar um banco. Depois disso, o movimento ocupou novamente, ainda em 2006, e foi despejado no ano seguinte, em uma grande operação policial.

Em 2011, foi realizada a terceira ocupação, em caráter de denúncia, durante a Marcha Estadual de Luta pela Reforma Urbana. No ano passado, houve a quarta ocupação. Porém, novamente as famílias enfrentam uma ordem de despejo. No entanto, nessa última ordem foi concedida a realização de uma audiência pública de conciliação, que será dia 29. A coordenadora no RS do MNLM, Ceniriani Vargas da Silva, explicou que a luta segue para que possa ser cumprida a função social da propriedade. "Trabalhamos esse imóvel como um exemplo. Em Porto Alegre, há 48,9 mil moradias desocupadas e 40 mil famílias sem ter onde morar. Por isso, lutamos pela desocupação e pela moradia popular", afirmou Ceniriani.

Os ocupantes do local têm diversas idades. Segundo Ceniriani, muitas dessas pessoas deixaram de pagar aluguel, devido ao alto valor, e aderiram à ocupação. Neste sábado, antecedendo a audiência pública, os moradores irão realizar um ato de apoio à Ocupação Saraí.

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