terça-feira, 4 de novembro de 2014

MASP E DOQUINHAS: Dois quadrados paralelos - Por Nathanael Anasttacio*


Uma inesperada comparação entre dois lugares urbanos: por um lado, o assim chamado “Vão do MASP” – pátio formado por um vazio arquitetônico abaixo do Museu de Arte de São Paulo – e, por outro, as doquinhas do Porto de Pelotas – em volta de um vazio formado pelas águas do São Gonçalo.

Ambos com forma quadrangular, são espaços urbanos ao ar livre, que ficaram sobrantes em relação a uma construção maior. Ao serem ocupados pela população como ambiente de descanso ou lazer, transformaram-se em pontos de observação paralelos ao mundo real.

Para o vão eles todos vêm, permanecem e somem. Espaço lúdico/imaginário aglomerando “junkies”, mendigos e estudantes. Todos dividindo espaço com passeatas, músicos, turistas e atos. No Quadrado de Pelotas todos compartilham novidades da nossa pequena/grande cidade. Aqui no MASP todos compartilhamos ideais.


Não é mera analogia. Realmente existe semelhança entre os dois quadrados. O vento sopra no canal São Gonçalo e ideias surgem. Na época da faculdade sempre sentávamos atrás de inspiração, perto dos barcos e olhávamos a paisagem urbana/construída/artificial.


Mobilização popular em defesa do Quadrado em Pelotas


Dentre as coleções do MASP, aqui em São Paulo, acredito que a mais valiosa sejam as pessoas que se aglomeram no seu entorno. Há tanta diversificação de tipos e formas humanas, sejam elas lícitas/ilícitas.

Há tanta inspiração. E há um quadrado ilusório que coaduna/concatena cabeças pensantes. PENSEM O QUE PENSAREM, PORÉM, PENSANDO.

Em ambos os quadrados existe uma máxima de deixar as ideias livres, soltas, pairando no ar.

Existe fumaça e poeira. A vida natural modificada, pois quadrados são formas construídas. Alguém construiu esse espaço de pensamento.

Os existencialistas dizem que o homem se inventa, mas são os outros que o validam. Pensando no quadrado como uma embalagem de seres lógicos/pensadores/questionadores temos, então, a exata medida da importância de áreas de ócio criativo.

A sociedade pode ser quadrada, mas nem todos os envolvidos em sua composição social o são. Isso não é apologia, é apenas constatação.

*Designer gráfico radicado em São Paulo. Comparação originalmente publicada no espaço pelotascultural.blogspot.com.br, e compartilhada pelo amigo Francisco Vidal 




Um longo vão sob o MASP: uma ponte de arte sobre um rio imaginário
 







QUADRADOS

Exatamente ilícitos
Ambos inseridos … extremamente invisíveis

Inscritos em uma sociedade quadrada/bizarra

O desajuste dos dois … vícios
Na droga de fuga …
A droga do nada

Coisa alguma … inexistência … aspecto/espectro físico

Nada substitui o parecer incrível
Quadrados … planejados …
Presumíveis

Num água
Noutro imagem

Reflexo/anteparo do permitido
Aterrorizante sensação enclausurada
O devir do cigarro … cigarra voa até seu sumiço

Psicológicos artifícios
Quadrados artísticos/artificiais
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Leia também: "Cresce a Campanha “QUADRADO É NOSSO” - Pelotas (RS"

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